terça-feira, dezembro 13, 2011

Categorias de Riscos a ter em atenção

Os riscos são inevitáveis nos projectos. Não podemos evitar os riscos e conseguir uma suave execução do projecto. Temos somente de aceitar este facto e afastarmo-nos dos riscos iminentes. Estes eventos de risco estão muito bem escondidos em lugares dos mais improváveis, mas confiamos sempre em que o bom tempo e a bonomia dos nossos concidadãos nos permitam alcançar algum sucesso sem sermos confrontados com um destes eventos prováveis.image

Os gestores de projecto pesquisam os riscos em locais conhecidos ou dependem por completo da experiência quando identificam riscos potenciais no seu projecto. O seu registo de riscos vai melhorando conforme eles adquirem experiência. Mas este tipo de educação é muito dispendiosa para o projecto e para o sponsor do projecto. Uma exploração sistemática de riscos em áreas problemáticas conhecidas deve ser uma obrigação em todos os projectos. Esta exploração deve ser sistemática e deve, para facilitar, ser realizada com a utilização de uma lista de verificação. Não se pode deixar um aspecto tão crítico do projecto para a memória do gestor de projecto. Esta lista deve ser um documento vivo e deve ser actualizada sempre que factos novos ou conhecimentos estejam disponíveis durante a execução dos múltiplos projectos.

Em sumário, o gestor de projecto deve ter atenção às seguintes áreas de risco:

  • Âmbito
  • Plano e Esforço
  • Asumpções, Dependências e constrangimentos
  • Tecnologia
  • Critérios de Aceitação e Qualidade
  • Pessoas, experiências e competências
  • Regulação e Política

Todas estas áreas correspondem a uma lista de perguntas que os gestores de projecto devem colocar quando, de forma obrigatória e regular, abordarem a revisão de riscos para o projecto.

quarta-feira, dezembro 07, 2011

O jogo do projecto – uma fábula

Agora uma fábula, já que de jogo se trata. Imagine um rei que é solteiro e quer ter um herdeiro. Ele pede a 3 membros do seu conselho para gerirem um projecto e recebe as respostas seguintes:

  • O primeiro conselheiro diz que ele consegue organizar a produção de um herdeiro em 4 meses.
  • O segundo conselheiro declara de 3 a 5 anos, tendo em consideração a necessidade de encontrar um cônjuge adequado, seguir protocolos complexos de noivado real, casamento e deixar a natureza realizar o seu curso.
  • O terceiro afirma 9 meses.

imageConsiderando que o rei funciona como a maioria das companhias, quem é que ele vai seguir?

A proposta do primeiro conselheiro é fisicamente impossível, quaisquer que sejam os recursos que se atribuírem à actividade. O segundo conselheiro parece ao rei demasiado cuidadoso. O terceiro conselheiro recebe o projecto, porque ele está a propor um plano agressivo mas que não é impossível. O conselheiro reconhece que o prazo não vai ser alcançado, mas pode enfrentar isso mais tarde. O rei sabe também isso, mas aposta em que o conselheiro redobrará os seus esforços para evitar o fracasso e conseguir entregar em tempo. Quatro meses e onze meses depois, nasce um príncipe.

Neste tipo de situação, a duração das actividades usada no planeamento do projecto são as mais curtas que não violam as leis da física. Os gestores do projecto fazem a venda nesta base, falham os prazos e trabalham desesperada e vigorosamente para o concluir. Como resultado de sobreviver neste jogo, são promovidos e continuam as mesmas práticas na geração seguinte.

O jogo não tem de ser jogado desta forma, mas a iniciativa deve vir de cima. Soichiro Honda estabeleceu um tom diferente no desenvolvimento da sua companhia, ao envolve-la nas corridas de motos. Quando participava numa corrida nada mais interessava a não ser que o veículo, o piloto, a equipa e os fornecimentos estavam colocados e prontos no início da corrida. Este tipo de prazos rígidos também encontramos em coisas como concertos de música, a organização de exposições em museus ou o lançamento de uma sonda espacial para voar para os planetas do sistema solar. Esta abordagem foca as equipas de projecto em realismo, avaliação das actividades e criatividade para enfrentar o inesperado.

terça-feira, dezembro 06, 2011

O Jogo do Projecto

Iniciei o trabalho com uma equipa de projecto de uma grande companhia que está a preparar a realização de uma obra de grande dimensão – que é mesmo o propósito da mesma companhia e veio-me à cabeça um turbilhão de ideias com os problemas enfrentados no início de um projecto e com as concepções diversas que se tem sobre a gestão de projecto.

O desenvolvimento dos grandes projectos de engenharia como a ilha Jumeirah no Dubai ou o desenvolvimento do Airbus A380, são concluídos com atraso de perto de dois anos relativamente ao plano. Estes são só dois exemplos, mas essa é uma constante porque esta performance dos projectos não é uma excepção. Desde a remodelação da cozinha até ao desenvolvimento de um produto, os projectos tendem para estar atrasados no tempo relativamente ao plano ou acima do orçamento, ou ambos. image

É tecnicamente possível fazer melhor mesmo em projecto de grande escala, com envolvimento de nova tecnologia como o exemplo do programa Apollo, que alcançou o seu propósito 5 meses antes do prazo, ou, para falarmos de um exemplo mais perto, a Ponte Vasco da Gama (2 meses antes do prazo). Mas estes não são fenómenos que se repitam com facilidade.

Assim, é legítimo perguntar se não somos capazes de fazer melhor, considerando as ferramentas que agora possuímos. A chave é, parece-me, que a gestão de programas e de projectos são tratadas como campos técnicos quando deviam ser olhadas como jogos, visto que os resultados são consequência de decisões tomadas por diversos agentes independentes.

Na gestão de projecto decompõe-se um projecto em actividades mais pequenas, às quais se atribuem durações, recursos e constrangimentos de tempo e de precedência. De seguida são realizados cálculos que produzem gráficos de Gantt, são identificados os perfis para os recursos, o caminho crítico, etc. A ferramenta mais comum é aquela que permite realizar o Método do Caminho Crítico (todas as ferramentas no mercado). Recentemente, chegou Eli Goldrath com a sua Cadeia Crítica da Gestão de Projecto (Critical Chain) que se foca nos recursos ou a Matriz de Desenho da Estrutura (Design Strucuture Matrix) que visa gerir as interacções entre as actividades.

Estes são todos modelos consistente e muito bons para as apresentações de soluções, mas estão muito longe do dia-a-dia da gestão de projecto dirigindo-se muito mais ao primitivo processo de listas de itens de acção. O problema mais óbvio com o uso destas ferramentas é que a duração para as actividades elementares é desconhecida e nunca vi uma organização que realizasse um esforço sério para recolher estes dados.

Uma actividade de projecto não é como uma actividade de montagem fabril que possa ser cronometrada ou registada em vídeo. O trabalho de projecto nunca é completamente repetitivo, se repetimos sempre a mesma acção, então é chamado produção ou transacção, mas não um projecto. Como nunca fizemos esta actividade de projecto antes, não pode dizer quanto tempo levará, mas pode obter outra informação dos seus componentes e pode estimar as similaridades ou as diferenças, com as actividades que já realizou antes, se mantém um registo disso. O trabalho de engenharia é organizado por projecto e o tempo dos engenheiros é controlado por timesheets, mas estas folhas são preenchidas após os factos pelos próprios engenheiros sem rigor efectivos e não são exactas.

Há formas de estimar melhor o trabalho das actividades, mas esse não é a preocupação principal dos gestores de projecto, ao contrário, o seu pensamento está focado em frases que começam com «Nada mais interessa, se…». Inicialmente, um gestor encarregado de liderar o projecto criou um plano que deve ser aprovado e nada mais interessa. O propósito do plano não é assim estimação mas sim persuasão. Como é que isto será realizado? Não há uma forma directa de o dizer, porque obviamente depende de quem deve ser persuadido. O que é constante é que o gestor de projecto está a vender, e irá fazer tudo o que for necessário para fechar o negócio.