sábado, outubro 27, 2018

Como sabemos que os requisitos da solução estão concluídos?

Até onde é que podemos levar a Elicitação (escolha de requisitos) num projecto? Parece-me que, de forma definitiva, ninguém sabe a resposta. Será muito dispendioso capturar todos os requisitos, assunções, regras, relações e ligações escondidas associados à solução em construção. Então temos de ter uma forma de saber quando fizemos o que deve ser feito.

Conforme se elícita, analisa e documenta requisitos, devemos estar atentos à informação que a reunir e determinar o tempo que passa entre a descoberta de novos requisitos ou mudanças significativas aos requisitos existentes. Quando a duração excede um determinado limiar, então termine as actividades de recolha de requisitos – este é o processo de preparação de pipocas no microondas, ou a Via das Pipocas.

job_done

Este limiar pode, ainda, ser identificado com base num princípio de confirmação: Se, durante o processo de descoberta de requisitos se chega a um momento em que se continua a acumular informação mas esta não se traduz em novos ou alterados requisitos, então sabemos que devemos ter chegado ao fim.

Esta métrica é a solução melhor para situações em que no analista de negócio tem como propósito elicitar e documentar os requisitos de negócio detalhados quando o projecto possui “um charter definido com razoabilidade e objectivos de negócios claros”. Mas, é ainda útil, durante todo o ciclo de vida do projecto, quando se tenta definir âmbito e estabelecer requisitos de negócio para o projecto.

O desenvolvimento de requisitos é um processo iterativo, que se inicia a um alto nível de compreensão das capacidades requeridas, estas são então decompostas em componentes mais pequenos, que são por sua vez mais fáceis de tratar e desta forma determinar até que ponto estamos «terminados» em cada uma delas. Alguns exemplos do que pode ser tratado como componente independente, incluem:
  • Definição do Âmbito – quais as capacidades que serão e que não serão incluídas no âmbito do projecto.
  • Regras de Negócio – Regras referente à tomada de decisões operacionais que devem ser tomadas em atenção na solução.
  • Modelos de factos – Modelos que representam conexões lógicas (“factos”) entre os conceitos centrais de uma solução e servem como representação do desenvolvimento subsequente de modelos de dados.
  • Requisitos funcionais – As capacidades da solução – funções que a solução irá realizar ou permitir que os utilizadores o façam com o software.
  • Requisitos não funcionais – Os critérios utilizados para ajuizar a qualidade da solução aparte os seus comportamentos específicos (requisitos de resposta em tempo, capacidade, confiança, usabilidade, etc.)
  • Interfaces externos – Os interfaces para outros sistemas e entidades externas dentro do âmbito do projecto.
Esta não é uma sugestão de ordenação, antes a compreensão de que quando se trabalha em requisitos se realizam muitas actividades em simultâneo. Esta regra de economia permitir-nos-á saber com mais confiança qual a linha que estabelece que o trabalho está feito. Os riscos de parar cedo demais e falhar requisitos críticos, ou gastar demasiado tempo num dado conjunto de requisitos (gastando assim tempo valioso) são muito reduzidos quando damos atenção ao «silêncio dos requisitos» (o ponto em que mais informação não está a ajudar a identificar ou refinar requisitos).

Conforme o processo de requisitos se inicia, vai ficando cada vez mais confiante na forma como o problema foi definido quando vai verificando que os stakeholders das diferentes categorias e perfis concordam acerca do que é o problema e como a solução de sucesso irá ser. Passados uns dias e enquanto se vai adicionando e negociando detalhes dos requisitos, pode determinar-se que não houve mudanças no âmbito. Tal permite, por exemplo, declarar que a parte do âmbito do processo de gestão de requisitos está concluída, o que permitirá focar a atenção em outras secções ainda não investigadas.

Saber quando estão concluídos os requisitos para um projecto não é sempre fácil, mas encolher a dimensão dos seus objectivos é uma grande forma de reduzir a luta que sentimos. Ao estabelecer objectivos de menor dimensão e aplicando uma regra de «silêncio dos requisitos» para cada um destes objectivos separadamente, incrementará a capacidade de visão acerca da distância para a meta que se pretende atingir.
Luis Quintino


Sem comentários: